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Alfonso Gravalos

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    Com mais de trinta anos de atuação no mundo corporativo sempre em multinacionais, desenvolveu sua carreira principalmente nas áreas Industrial, Qualidade e Gestão de Projetos, tendo ocupado posições de diretoria por mais de dez anos.

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Evolução ou Frustração

Uma análise do que acontece no mercado face ao número crescente de profissionais com formação universitária chegando no Mercado de Trabalho.

terça-feira, 20 de agosto de 2013 - Alfonso Gravalos



Evolução ou Frustração

 

Atualmente mais e mais pessoas tem acesso à formação superior em nossa sociedade, o que é algo muito positivo, mas as empresas estão preparadas para lidar com cada vez mais pessoas graduadas?

Existe espaço para estas pessoas no mercado de trabalho ou estamos formando um número cada vez maior de pessoas frustradas com suas atividades profissionais depois de cinco anos de caros estudos para a obtenção de seu tão sonhado diploma universitário?

Não sou contrário à formação superior, muito pelo contrário. Acredito fortemente que a educação é a saída para o nosso país, porém não acredito que as corporações estejam preparadas para lidar com isto.

Vejamos:

No meu início de carreira (há mais de trinta anos atrás) conheci o pessoas que trabalhavam no “Contas a Pagar”. Eram pessoas que provavelmente tinham atingido o seu limite de crescimento, tinham um bom emprego e eram felizes.  Conheci pais de família que educaram seus filhos, sustentaram sua família e tiveram uma carreira  de sucesso. Dentro do que eram capazes de atingir em função de sua formação e sua situação sócio econômica chegaram até onde era possível, tinham ciência disto e eram felizes.

Como é hoje o setor “ Contas a Pagar” em muitas corporações?

A atividade é delegada a um (a) estagiário (a) normalmente cursando Administração de Empresas, que executa a seguinte rotina:

Inicia o dia lançando no sistema todas as contas que a empresa deve pagar naquele dia e envia ao banco. Quando completado o lançamento, recebe o arquivo completo do banco e confere para se assegurar que não houve nenhum erro nem de empresas e muito menos de valores a serem pagos.  Monta um pacote com todo o material e encaminha a um procurador que deverá se encarregar de liberar o pagamento no sistema. Em seguida inicia a separação e conferência dos documentos que deverão ser pagos no dia seguinte.

Como há um horário limite para a liberação dos pagamentos no sistema não são raras as vezes que este estagiário ou estagiária precisa pedir pessoalmente para o procurador ir liberar os pagamentos e também não raro  é ouvir reclamações de todo tipo. É comum os procuradores alegarem outras prioridades e criar dificuldades para o estagiário. Isto não acontece todos os dias, mas acontece com relativa frequência.  Espera-se também deste estagiário que o mesmo negocie com fornecedores cujos pagamentos estão em atraso, a não cobrança de multas “e é bom que o jovem ou a jovem encarregado desta tarefa obtenha sucesso nesta empreitada!”

Após a liberação dos pagamentos no sistema referentes a “hoje” o restante do dia é dedicado à conferencia e negociação dos pagamentos “de amanhã”.

Pergunto:

É necessária uma formação superior para realizar esta atividade ou um bom treinamento interno é suficiente?

É muito comum se o estagiário for bom na realização de suas tarefas, passar todo o período de estágio executando esta atividade, perdendo-se assim o foco principal do estágio que é a formação e o crescimento do futuro profissional através do contato com a realidade empresarial.

Muitos destes estagiários necessitam deste trabalho para se manter e pagar a sua faculdade. Será que são felizes profissionalmente? Não acredito.

Não sei a solução do problema mas sei que se faz necessária, por melhor que elas sejam em determinada atividade, uma política de formação clara de forma a propiciar a estas pessoas rodízios de função.

Quando o responsável da área é uma pessoa que tem as pessoas entre seus princípios e valores isto acontece mas isto não é o mais comum.

Pior, em muitas corporações atualmente se a pessoa não estiver cursando uma faculdade não consegue ser admitida para trabalhar no “Contas a Pagar” e em várias outras funções.

Não estou pregando a redução da formação superior mas o que vemos é uma acomodação no universo corporativo ao aumento da oferta de mão de obra melhor qualificada através do aumento dos pré requisitos para suas posições. Isto é errado? Não, mas é apenas parte da solução.

Trabalhos que eram executados por técnicos ou profissionais formados internamente nas empresas hoje são executados por pessoas com formação universitária que na sua grande maioria lutam muito para conseguir pagar a escola e se formar.

Espero com este texto provocar uma reflexão nas pessoas que tem pessoas sob sua responsabilidade a fim de que tanto os objetivos empresariais como os objetivos pessoais de crescimento e formação sejam atingidos.

Uma vez que a cada dia teremos mais pessoas com graduação universitária em nossa sociedade se faz necessária uma adequação das rotinas administrativas ou pelo menos um programa de rodízio a cada X meses para que se assegure uma real espiral de crescimento nas corporações, as pessoas sintam orgulho do que fazem e estejamos criando evolução ao invés de frustração.